sábado, 24 de março de 2007

Livro de Sonetos - Vinicius de Moraes

Livro de Sonetos (1957)

Vinicius de Moraes nasceu Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes. Posteriormente, ainda aos nove anos, dirigiu-se ao cartório e suprimiu o nome na forma latina, oriundo exclusivamente da paixão de seu pai pelo idioma de Cícero. Apesar de ter sido também diplomata e jornalista, Vinicius consagrou-se como poeta e compositor.

Os sonetos, em sua singeleza, quase sempre serviam para que Vinicius encontrasse beleza na simplicidade, desvendando a ternura e os sentimentos mais profundamente enterrados nas supostas banalidades da vida. Através de seus sonetos Vinicius conseguia facilmente aprofundar-se em temas complexos e significativos, como a morte e, principalmente, paixão e amor.

O “poetinha”, como foi carinhosamente alcunhado, destaca-se ao falar de amor, despejando torrentes de pura sinceridade e explicitude ao versar sobre o mais altivo dos sentimentos. Drummond, que nunca escondeu sua enorme admiração, chegou a afirmar ser Vinicius “o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural".

Livro de Sonetos” foi primeiramente publicado em 1957, através da edição de Livros de Portugal. Em 1967 publicou-se a segunda e mais substanciosa edição do livro, devidamente aumentada. A coletânea trazida através da editora Companhia das Letras (1991), por sua vez, é riquíssima (vide imagem acima), trazendo inclusive sonetos inéditos. Enfim, a obra é uma oportunidade imperdível para ir-se bem além dos muitíssimos conhecidos Soneto de Fidelidade (“de tudo, ao meu amor serei atento”) e Soneto de Separação (“de repente do riso fez-se o pranto”), ou outros tão conhecidos.

Esta leitura lembra que nunca deve ser olvidado o mundo das poesias, pois não só de prosas vivem as pessoas. A poesia é alimento fundamental a todos os seres humanos, pois, como tais, todos amam, sentem, sofrem e aprendem.

"Livro de Sonetos" é uma obra belíssima e, acima de tudo, indispensável; nunca devendo ser "esquecida" em estantes, permanecendo, ao contrário, sempre que possível ao lado do leito, pois melhor lugar para este livro não há.


Soneto a quatro mãos

(com Paulo Mendes Campos)

Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.


Fonte e informações adicionais: http://www.viniciusdemoraes.com.br/

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