domingo, 11 de março de 2007

A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua - Jorge Amado


A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua (1959)

Joaquim Soares da Cunha, oriundo de boa família, muito estimado pelos vizinhos, respeitável e “exemplar funcionário público da Mesa de Rendas Estadual”, sempre impecavelmente bem vestido e com a pasta debaixo do braço. Quincas Berro Dágua, jogador, debochado, freqüentador de botequins baratos, sem lar, sujo, barbado, “rei da gafieira”, “o cachaceiro-mor de Salvador”, “o rei dos vagabundos da Bahia”, o “patriarca da zona do baixo meretrício”.

Como aquele senhor outrora respeitável se tornou o famigerado Quincas Berro Dágua, Berrito para os mais íntimos?

É esta fantástica transmutação que nos revela Jorge Amado em uma de suas obras mais saborosas, que amalgama loucura e realidade, sonhos e fatos.

Leitura agradabilíssima, apesar de curta, e que, exatamente por isso, nos deixa com vontade de muito mais.

Na falta de mais palavras adequadas sobre esta obra, bem como na imperícia em usá-las, valho-me das poderosas considerações de Vinícius de Moraes, como bem consta na contracapa da edição da Record de “A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua” (foto acima):

“Saí da leitura dessa extraordinária novela, eu que andava no maior fastio de literatura, com a mesma sensação que tive, e que nunca mais se repetiu, ao ler os grandes romances e novelas dos mestres russos do século 19, Pushkin, Dostoievski, Tolstoi, Gogol especialmente. Uma sensação de bem-estar físico e espiritual como só os prazeres do copo e da mesa, quando se está com sede ou fome, e os da cama, quando se ama. Ela representa dentro da novelística brasileira, onde há cimos consideráveis, um cume máximo. Um cume que todos os escritores jovens devem ter em mira, numa sadia inveja e num saudável desejo de ultrapassá-lo. E tanto pior se não o fizerem.”
(Vinícius de Moraes, em “Última Hora”, Rio, 1959)

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